07 agosto 2010

Relato de um passageiro

Ontem, sexta-feira, estava dentro de um ônibus da linha 9202, indo em direção ao centro, quando um passageiro me chama à atenção. O coletivo estava cheio, lotado, portanto, não pude ver logo de cara quem era essa pessoa, mas pude ouvir um ruído agonizante, alto, que saía de sua boca. Pessoas levantavam pra ver do que se tratava tanto sofrimento e, só depois de alguns minutos, os passageiros do fundo, local onde eu estava, puderam descobrir. Tratava- se de um doente mental, cuja deficiência o impedia de falar e andar corretamente. Tá, mas e daí? Do trajeto da roleta até a porta traseira, minha atenção se desvia do passageiro em si, para a reação dos demais.


-“O cara ta falando árabe”, fala um sujeito para a pessoa ao lado.


O que estava ao meu lado ri e diz:


-“Hahaha, o cara ali falou que ele ta falando árabe, é o Saddam Hussein.”


A passageira ao lado dele demonstra um sorriso discreto e balança a cabeça, meio que confirmando o que ele disse. Quando “Saddam Hussein” se aproxima, vejo que ele pede dinheiro aos passageiros. Estende a mão para uma mulher, que o ignora, mantendo o olhar fixo na rua. Passa a mão diante dos rostos de todos os passageiros do banco de trás, inclusive o meu e, o mesmo cara que o apelidou de “Saddam”, tira algumas moedas do bolso e diz:


-“Toma aqui Saddam”, e despeja as moedas em sua mão.


Logo depois, o ônibus para no ponto, “Saddam” desce, e o “silêncio” toma conta do transporte. Não se escuta mais os ruídos, e nenhuma piada sobre eles. O que mais me espantou, foi a reação dos passageiros mesmo notando a visível deficiência do rapaz. Sim, brasileiro ri mesmo da desgraça alheia.

23 maio 2010

Campanha "Dê Fone a Quem Tem Fome"

O prazer que a música nos dá, deve ser desfrutado por todos. Entretanto, em certos locais, deve ser aproveitado em particular. “Dê Fone a Quem Tem Fome (de música)”, consiste na doação de fones que funcionam, mas que não tem mais utilidade pra você, a pessoas que não tem. Qual o porquê dessa campanha?

Sábado, dia 21 de maio de 2010. São 11h00 da manhã, e estou dentro de um ônibus da linha 1207 B, indo para a faculdade. Se já não bastasse ir à faculdade em um sábado de manhã, outra coisa me aborrecia. Sentei-me no penúltimo banco do coletivo e, logo atrás, tinha um rapaz ouvindo música (algo que posso descrever como um “Calypso” misturado com “Toninho e Seus Teclados”), sem fone de ouvidos, e com uma altura considerável. Eu, com meu aparelho, e usando fone de ouvidos, mesmo aumentando o volume ao máximo, ainda conseguia ouvir o rádio atrás de mim. O sujeito inconveniente (ou até mesmo sem educação) desceu no ponto que fica no cruzamento da Av. Amazonas com Av. Barbacena, no bairro Santo Agostinho. Entretanto, mesmo com o sujeito fora do ônibus, ainda assim ouvia-se uma música dentro do veículo. Era outra pessoa, na mesma situação: ouvindo música sem fone de ouvido, com o volume alto.

Doando fones a quem não tem (seja em ônibus ou em via pública mesmo), a cidadania será exercida, uma vez que a prática incentiva o respeito ao espaço público, colaborando assim para a boa convivência entre as pessoas.


Assistam o vídeo a seguir e fiquem à vontade para refletirem sobre isso


20 maio 2010

Jornais online competem com o twitter?

É interessante como as coisas funcionam com a internet. Com sua chegada, os meios de comunicação logo trataram de criar versões "online" de seus veículos para não ficarem obsoletos, e para existirem também no mundo virtual. Com o boom do twitter, novamente esses mesmos veículos aderiram à moda, criando perfis para a rede social. Hoje, várias pessoas afirmam usar o twitter como base de informação.

Podemos dizer então que os jornais online (que estavam no topo da agilidade de informação), agora competem com o twitter?Sim, claro! O twitter é uma ferramenta pública,portanto, todos tem acesso. Se uma pessoa (independente de ser jornalista ou não) está em um determinado local onde aconteceu algum fato, o que a impede de divulgar essa informação antes dos grandes veículos de comunicação?Nada! Claro que leva-se em conta o número de seguidores que ela tem, pois, quanto maior for o número, maior é a possibilidade de essa notícia se espalhar com uma velocidade maior. Quando o assunto é algo próximo à nós, fica mais evidente essa precisão.

Exemplos como as manifestações dos professores da rede estadual de ensino em Belo Horizonte, comprovam essa tese. Confesso que obtive com mais agilidade, informações através dos tweets de pessoas que estavam nas proximidades dos locais da manifestação, do que das versões onlines dos veículos, tanto no twitter, quanto nos portais. E mais uma vez, a tecnologia começa a adaptar a forma de que as informações são veiculadas no mundo.

02 março 2010

O rádio é imortal?

Desde sua chegada no início do século XX, por várias vezes, a existência do rádio foi colocada em xeque. De deficiências técnicas, ao surgimento de novas mídias, esse veículo de comunicação vem superando barreiras, deixando a grande dúvida: o rádio é imortal?Com sua consolidação na década de 30, com o então Presidente Getúlio Vargas, o rádio já foi utilizado para várias finalidades. Inicialmente, era voltado para a elite, com programação culta, voltada para a educação. Getúlio Vargas popularizou a utilização do rádio pois, através deste instrumento, era transmitido seus discursos, aumentando sua proximidade com o público. Além disso, foi nesse período que a "A Hora do Brasil" foi criada (hoje, conhecida como "A Voz do Brasil"). Devido a essa popularização, o rádio se transformaria em um veículo de comunicação em massa.
No início da década de 40, o rádio entrava em sua "era de ouro", uma época em que seguia novos rumos em sua programação. Foram criados vários programas voltados para o entretenimento. Rádionovelas, programas de auditório e de humor, podiam ser ouvidos na programação das rádios. O jornalismo também entrava em cena. O noticiário, era uma simples leitura dos jornais impressos, porém, já naquela época, o rádio já possuia linguagem própria.
Com a chegada da TV no Brasil no início da década de 50, veio a grande pergunta: é o fim do rádio? Vários artistas mudaram para as estações de TV e, consequentemente, as verbas publicitárias passaram a investir no novo veículo. Nessa situação, veio a necessidade de segmentação do público alvo, criando-se programas para partes diferentes da sociedade.
 Atualmente, a internet está em constante expansão. Sua utilização para fins jornalísticos, deixa uma interrogação sobre o futuro das mídias impressas e das rádios. Existe um ditado popular que diz: "se não pode com eles, junte-se à eles". Com a convergência das mídias, o rádio vence mais uma barreira. Podemos ouvir o rádio em celulares, pela própria internet, em aparelhos convencionais, e em outros aparelhos alternativos, como MP3 players, IPOD, etc.
O segundo veículo de comunicação mais antigo de todos os tempos, até então, provou ser um adversário imbatível.Seja na cobertura política ou de esportes, sem dúvida alguma, haverá uma pessoa "antenada" à alguma estação com seu aparelho de 1 real, ouvindo os acontecimentos do mundo todo, nos lugares mais remotos do planeta.

26 janeiro 2010

O Jornalismo, as Redes Sociais e a Internet

Já não é segredo que o advento da internet mudou o meio jornalístico. A rapidez na informação é impressionante, porém, sua qualidade é questionável. Uma prática que está sendo adotada pelos jornais online, principalmente no "jornalismo de fofoca", me preocupa bastante: a utilização de redes sociais como forma de apuração e de seleção de pautas. Atualmente, é impossível não encontrar em um site, alguma notícia que começa com "Fulano disse no Twitter que...." ou "No Twitter, fulano discute com ciclano sobre...". Como disse anteriormente, tenho notado esse tipo de situação somente no "jornalismo fofoqueiro" mas, e se a prática pegar?Vários políticos estão aderindo a moda das redes sociais, como o Senador Demóstenes Torres que, inclusive, sou um dos seus seguidores no Twitter. Isso é ruim? De forma alguma, desde que as redes sociais sejam utilizadas somente para aumentar a proximidade com o público, e não para servir como fonte de informação, até porquê, qualquer coisa escrita pode ser deletada a qualquer momento. No início da última década, quando a internet começou a ser realmente utilizada para o jornalismo, houve também uma mudança quanto a forma de buscar informações para que uma notícia seja escrita. Por qual razão enviar um repórter a um determinado lugar,se ele pode obter informações sobre ele na internet? Segundo Gay Talese, um dos jornalistas mais importantes dos Estados Unidos e free-lancer do "The New York Times", o jornalista hoje está restrito a uma cadeira e uma tela de computador. É quase inexistente a experiência ao vivo, presencial. Só pra não deixar de citar exemplos, leiam a matéria que está no link abaixo:

"Mulher morre em acidente na Via Expressa, em Contagem":Link

A notícia foi para o site no dia 25/01/2010, porém, até o momento deste post, o nome da vítima não foi informado. Quem garante que realmente houve uma apuração no local do acidente? Você vai até o local e não descobre nem o nome da vítima? A polícia pode até não ter divulgado, mas que isso fique bem claro na hora de escrever a notícia. É preciso mudar os olhares em relação a internet no jornalismo, porque do jeito que está, estamos sendo levados ao jornalismo preguiçoso e sem nenhuma credibilidade.

04 novembro 2009

Revista piauí: a salvação do jornalismo

João Moreira Salles

Simplicidade. Uma palavra que descreve João Moreira Salles e sua palestra, realizada ontem no Teatro Ney Soares, do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH). Prevista para ter início às 19h00, um atraso intencional, para dar tempo de alunos chegarem, fez com que começasse as 19h30, um atraso que valeu a pena.Irmão mais novo do cineasta Walter Salles, João Moreira Salles, além de produzir documentários, é o publisher da Revista piauí, revista que quebra conceitos e padrões do Jornalismo.Uma das coisas mais importantes da revista piauí, é fazer coisas simplórias ficarem interessantes. A prática, que Salles também utiliza em seus documentários, é a forma em que os fatos são contados.


Capa da revista piauí

A revista piauí

A revista piaui (com "p" minúsculo mesmo) não possui uma característica que é presente na maioria dos jornais e revistas: editorias fixas. Com exceção de uma ou duas, fala-se de qualquer coisa, desde que seja interessante, portanto, há uma certa liberdade em relação a pautas e deadlines. Não há reunião de pauta e, tudo que é publicado na revista, é sugerido pelos próprios jornalistas. Se for interessante, ele tem autonomia para criar a reportagem, que não tem número exato de laudas e nem um prazo pré-estabelecido para sua publicação.

Jornalismo literário

Apesar de muitos garantirem que a revista piauí tem como foco o jornalismo literário, que pode ser também conhecido como jornalismo narrativo, o palestrante afirma que a publicação não tem exclusivamente esse foco, embora algumas reportagens tenham características desse tipo. Segundo Salles, essa prática no jornalismo é muito difícil, pois não há muitos veículos de comunicação no Brasil que o seguem. Esse tipo de prática, que tem origem americana, requer bastante apuração, o que não se pode ser feita através de internet ou telefone, pois é importante ver com os próprios olhos para assim descrever. Hoje, a dificuldade com gastos para apuração contribuem para que o jornalismo literário não seja exercido em revistas e jornais

Métodos de entrevista

Salles, afirma que o melhor tipo de entrevista é a que não é planejada, ou seja, aquela em que você não chega ao entrevistado com as perguntas já prontas mas, a pesquisa sobre ele, é fundamental. Segundo o jornalista, é dispensável o uso de gravador, uma vez que ele altera o comportamento do entrevistado que, ao saber que está sendo gravado, fica intimidado e passa a medir o conteúdo de suas frases. A entrevista tem que ser natural, mais como uma conversa. Salles até brinca que, a maioria das vezes em que um jornalista chega para entrevistá-lo com perguntas feitas na redação, a partir da terceira pergunta, ele começa a responder algo que não bate com a pergunta. Mesmo assim, quem o entrevista balança a cabeça, dando a entender que está prestando a atenção em suas palavras. Linguagem corporal é muito importante nessas horas, segundo Salles. A entrevista deve sempre ser feita olhando nos olhos do entrevistado, observando seus movimentos, transpiração, respiração, por isso deve-se evitar entrevistas pela internet ou telefone.

Documentários

Quando não está na redação da revista piauí, o jornalista produz documentários. Entre eles, está o "Entreatos", de 2002, em que é registrado vários momentos da campanha presidencial de Luíz Inácio Lula da Silva, então eleito nesse ano para Presidente Da República e reeleito em 2006, e o "Notícias de Uma Guerra Particular", de 1999. Esse documentário é sobre a guerra da polícia com o tráfico de no Rio de Janeiro, que conta com a direção de Kátia Lund.



Documentário "Entreatos"



Redação da revista piauí

Pelo fato de não haver aquela pressão constante em relação laudas, deadlines e pautas, Salles afirma que o ambiente na redação da revista é muito bom, inclusive, vários de seus jornalistas já receberam propostas de outros jornais, que a piauí não pôde cobrir, mas mesmo assim não perdeu nenhum. A exposição para esses jornalistas da revista também é maior.

Em meio a tanta polêmica referente a profissão de jornalista, tanto na questão do diploma, ou nas condições de trabalho, a revista piauí é uma boa solução pra quem quer fugir desses problemas. Textos inteligentes e detalhados, garantem o bom jornalismo.

09 outubro 2009

TITUNIC-BH - "A Marca da Inundação"

Quem estava presente no Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH) ,campus Lagoinha, na noite desta quarta-feira (07/10/2009), presenciou um fato inusitado nos corredores da instituição. Devida a grande chuva que ocorreu naquela noite, a água invadiu as salas da faculdade, não pela janela, mas pelos corredores principais. Além da portaria principal (entrada pela Av. Antônio Carlos), a região onde fica a cantina também foi inundada. A inundação começou por volta das 20h30, horário do intervalo e, apesar de várias salas estarem parcialmente inundadas, alguns professores estavam lá para darem as aulas após o intervalo. Apesar do esforço da funcionária Tânia, que com um rodo tentava manter o corredor do segundo andar seco, a água não parava de entrar. Foram fechados os laboratórios de informática, localizados no primeiro andar do prédio e, todas as aulas no segundo andar, que também sofreu inundação, foram canceladas.

Confira os vídeos abaixo, filmados por alunos da instituição.