26 janeiro 2010

O Jornalismo, as Redes Sociais e a Internet

Já não é segredo que o advento da internet mudou o meio jornalístico. A rapidez na informação é impressionante, porém, sua qualidade é questionável. Uma prática que está sendo adotada pelos jornais online, principalmente no "jornalismo de fofoca", me preocupa bastante: a utilização de redes sociais como forma de apuração e de seleção de pautas. Atualmente, é impossível não encontrar em um site, alguma notícia que começa com "Fulano disse no Twitter que...." ou "No Twitter, fulano discute com ciclano sobre...". Como disse anteriormente, tenho notado esse tipo de situação somente no "jornalismo fofoqueiro" mas, e se a prática pegar?Vários políticos estão aderindo a moda das redes sociais, como o Senador Demóstenes Torres que, inclusive, sou um dos seus seguidores no Twitter. Isso é ruim? De forma alguma, desde que as redes sociais sejam utilizadas somente para aumentar a proximidade com o público, e não para servir como fonte de informação, até porquê, qualquer coisa escrita pode ser deletada a qualquer momento. No início da última década, quando a internet começou a ser realmente utilizada para o jornalismo, houve também uma mudança quanto a forma de buscar informações para que uma notícia seja escrita. Por qual razão enviar um repórter a um determinado lugar,se ele pode obter informações sobre ele na internet? Segundo Gay Talese, um dos jornalistas mais importantes dos Estados Unidos e free-lancer do "The New York Times", o jornalista hoje está restrito a uma cadeira e uma tela de computador. É quase inexistente a experiência ao vivo, presencial. Só pra não deixar de citar exemplos, leiam a matéria que está no link abaixo:

"Mulher morre em acidente na Via Expressa, em Contagem":Link

A notícia foi para o site no dia 25/01/2010, porém, até o momento deste post, o nome da vítima não foi informado. Quem garante que realmente houve uma apuração no local do acidente? Você vai até o local e não descobre nem o nome da vítima? A polícia pode até não ter divulgado, mas que isso fique bem claro na hora de escrever a notícia. É preciso mudar os olhares em relação a internet no jornalismo, porque do jeito que está, estamos sendo levados ao jornalismo preguiçoso e sem nenhuma credibilidade.

11 comentários:

Teani Freitas disse...

Acho que a internet e as redes sociais não servem (e jamais deveriam servir) como fontes confiáveis. Podem ser locais onde apuramos algo - uma sugestão de pauta, por exemplo - e depois disso fazemos o trabalho óbrigatório do jornalista, que é a verificação para manter o compromisso com a verdade. Em todas minhas experiências profissionais, até hoje, é isso que acontece. É indispensável por exemplo que a PM ou a polícia rodoviária confirmem o acidente acima citado. Agora, ir ao local nem sempre realmente é necessário. Com um telefone e os números certos é possível fazer essa ronda, e isso é seguro. Se for algo de relevância e que se encaixe nos critérios de noticiabilidade do veículo em questão, aí sim vale a pena ir até o local. Um exemplo: muito dificilmente a Globo irá, mas provavelmente divulgará em nota seca. Já a record irá e ainda mostrará o corpo da vítima. O EM pode mandar um repóorter, já o Super vai mandar um repóter e um fotógrafo para registrar cada detalhe do acidente. É o padrão de cada um, o público que escolha o que quer ver/ler. Quanto a divulgar o nome da vítima, acredito que seja um procedimento padrão: não é costume divulgá-lo antes que algum familiar tome conhecimento e autorize.

Jessika disse...

JP, tá ótimo!

=)

clayton disse...

Bom texto, meu caro. Só penso se não temos que sempre nos questionar diante das informações, independente se são escritas ou faladas. Infelizmente ainda temos, não pouco, a manipulação da informação pela mídia em geral. Acho válido mantermos sempre um olhar crítico sobre as notícias. abraço.

Procrastinador Geral da República disse...

Jornalismo preguiçoso...fail!

Well Martins disse...

A questão da apuração através das redes sociais é interessante,mas não pode se tornar a principal fonte do jornalista. É preciso, sempre que possível, consultar a fonte "real" para conseguir o relato. Sobre a questão do twitter, deixo abaixo o link da matéria "Políticos pecam no uso do Twitter"
http://tinyurl.com/ydx8gbg

Thiago disse...

não conhecia o blog... tá mto legal!
parabéns e sucesso!

Priscila Mendes disse...

Concordo com você quando se refere ao comprometimento da qualidade da informação a ser veiculada. Na verdade, acho que a principal questão não seria nem a qualidade, mas a veracidade da notícia e as fontes utilizadas para sua publicação. Precisamos ter um olhar crítico ao ler uma notícia e, principalmente, observar como ela é tratada por diferentes meios e veículos, quer seja TV, rádio, impresso ou online. O fato que não podemos negar, como jornalistas, é de que o twitter é uma ferramenta essencial para o exercício diário da nossa função. Alguns, infelizmente, o utilizam de forma incorreta e sem compromisso com a ética profissional e com a sociedade, como você mesmo citou, para "fofocar", o que, particularmente, não considero que seja uma forma de produzir jornalismo. É claro que vai depender do interesse de cada veículo e do público que ele pretende atingir. O importante é ter certeza se a fonte é confiável e se as informações postadas procedem. Lamentavelmente, grande parte da sociedade brasileira, composta de analfabetos e de pouca escolaridade, não têm um pensamento crítico lapidado para julgar o que lhe é informado em seu cotidiano. Dessa forma, é muito mais fácil a manipulação. Mas temos que admitir, o jornalismo online, a internet e seus recursos, vieram expandir a democracia da informação e de forma ainda mais rápida, o que coloca em xeque o nosso velho e bom impresso.

Unknown disse...

Acredito que as redes sociais e a internet, deveriam servir como fonte auxiliar, complementar e não como o gerador da informação... porém, nos dias de hoje, tudo é válido! hahaha

Abraços!

Gibran Rubinger disse...

acho que isto esta numa camada acima do jornalismo, isto pra mim é comportamento humano. ta mais pra uma questão de antropologia. a sociedade enfrenta um periodo de transição na forma como a cultura é absorvida e conseguentemente como é difundida. o que é uma fonte confiavel? ....um jornal? o jornalista? quem estava na hora do fato? os familiares? pois todos eles irão apurar dados sobre o fato em questão. o meio não é o problema com relação a qualidade da informação mas sim quem é a fonte.

Unknown disse...

Acho que a credibilidade vem do autor, independente do veículo.

As ferramentas utilizadas para divulgação das notícias, opiniões, informações, têm de variar de acordo com a intenção de alcance e/ou segmentação do público, dentre outros fatores, mas não pode ser entendida como determinante em termos de credibilidade.

A questão é: nem todos os usuários das ferramentas mais atuais de comunicação (entenda-se pelas mídias sociais) sabem como elas funcionam, ou sabem as consequências do seu uso, daí vem a perda de credibilidade. Isso é claro, partindo do princípio que o conteúdo é de qualidade e conta com boas fontes, porquê cá pra nós, conteúdo meia boca já não tem credibilidade, seja divulgado no twitter, mídia volante, jornal ou qualquer que seja.

Abraços, JP.

Caroline Steinhorst disse...

Já viu algum show deles? :)